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≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 26.4.13

O sentido literal

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 25.4.13

Era uma vez

Enquanto eu, esganado de fome de classe-média, comia uma tosta mista e bebia um café absolutamente necessário, duas raparigas conversavam aos gritos na mesa do lado. Quando a conversa serpenteava por assuntos mais privados, elas baixavam um pouco, quase nada, o tom de voz, deslocando-se assim, com algum desconforto, para um patamar de um ainda ténue recato mas já visivelmente estrangeiro à natureza delas. Ou seja, ouvi tudo. Como não sou a wikileaks do povo, seleccionei apenas alguns excertos irrelevantes da conversa, incluindo porém, no resumo, e em jeito de rebuçado, uma tradução desses fragmentos, elaborada por mim, em espectacular simultâneo com o decorrer dos factos:

(...) e como tu tens um temperamento ligeiramente obsessivo (...)

(meu deus, como tu és obsessiva! oh, como são grandes e violentas as tuas obsessões!);

(...) sim, eu percebo, também já passei por isso (...)

(cala-te um bocadinho agora que é para eu te contar a minha história);

(...) pois, claro, hmm, hmm, (...)

(não estou a ouvir nada do que dizes mas, por enquanto, ainda não adormeci);

(...) achas que fui imprudente? não, eu também já passei por isso (...)

(valha-me deus, cala-te lá e deixa-me contar a minha história).


E assim foi. Depois da primeira, veio a segunda história. Passaram-se dias e anos, naqueles minutos, com os príncipes suburbanos a fugir das princesas suburbanas e as princesas suburbanas a fugir dos príncipes suburbanos, num rocambolesco carnaval de desencontros. Mas quando elas se calaram por fim e, pegando nas malinhas com cores de verão, abandonaram o café, eu olhei para a mesa vazia, para aquele silêncio tão bonito, e vivi feliz para sempre.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 21.4.13

And I don't think it's just a plain stupidity

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 3.4.13

Irão talvez

Em conversa com a realizadora inglesa Kim Longinotto, pergunto-lhe - porque se trata de um assunto que genuinamente me interessa - quantas primaveras é que ela julga que o regime político absurdo que hoje sufoca os iranianos (e sobretudo as melhores iranianas) se irá aguentar de pé, sem claudicar. O Irão sempre me pareceu um país com demasiadas pessoas civilizadas e rijas para permitir que os casmurros fanáticos que o comandam tenham vida fácil, mas a verdade é que até agora não apareceu ninguém suficientemente carismático e hábil, capaz de utilizar, em favor da mudança, as frágeis componentes democráticas do sistema iraniano. Apesar da vitalidade que se pressente ali, também nunca surgiu um rock'n'roll qualquer ou uma rajada de tweets subversivos que enchesse as praças de Teerão de jovens contra o medo, uma coragem organizada que enterrasse de vez, pela revolução, aquela forma cinzenta de entender o mundo. Ao contrário do que seria de esperar, em resposta a estas inquietudes de médio calibre, a Kim Longinotto oferece-me um resposta vaga, não deixando sequer pontas soltas a que eu me possa agarrar para a réplica. Quase logo a seguir, após um infinitésimo de silêncio nada embaraçoso, ela pergunta-me de que clube sou e conta-me o sofrimento que o Arsenal lhe provoca, confessando-me que teme pela saída de Wenger, de quem gosta muito ("I love Wenger"), se os resultados se mantiverem tão desoladores. Para a animar, falo-lhe do Sporting. Assim vai ser difícil que eu me transforme num intelectual.