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≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 30.3.11

«Nado de bruços e é um pau»

É muito raro encontrar pintores portugueses que falem de si e da sua obra sem que tenhamos vontade de adormecer ou partir alguma mobília, tal o carrossel de irrelevâncias e banalidades pomposas que costuma fazer girar o mundo das artes plásticas. Mas aqui há uns dois ou três anitos, gostei muito de ler uma entrevista ao Ângelo de Sousa, na revista do jornal Público. Pelo blogue da Helena, descobri que essa entrevista foi publicada novamente, que a um morto nada se recusa (sobretudo, espaço em jornais). Voltei a lê-la e tenho quase a certeza que, a menos que tudo isto esteja muito mal organizado, Ângelo de Sousa descansará em paz, sem gajos a chateá-lo.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 25.3.11

Censos Comum

Aproveitando o arco de silêncio que normalmente se forma depois de eu pagar o almoço, enquanto ainda aguardo, ao balcão, a sopa que a diligente cozinheira anti-ASAE prepara para mim, fora do meu alcance visual e das leis comunitárias, o senhor do bar avança com mais uma das suas histórias: «Imagine: um alemão, um francês e um português.» Pensei que se seguiria uma daquelas anedotas em que a chico-espertice do português é alarvemente transformada em monumento. Mas não. Aquilo afinal era o preâmbulo de um incipiente estudo de economia comparada. O alemão recebe isto, gasta aquilo, o francês tem sempre ajudas daqui e dali, e o português, enfim, o português, olhe, uma tristeza porque o euro não sei quê. Quando, em 2035, explicarmos à geração über à rasca como era a vida em Portugal, teremos de contar-lhes a verdade: em 2011 não havia anedotas novas e toda a gente falava, com extraordinária desenvoltura, de economia.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 16.3.11

Deu-me algum trabalho copiar os excertos do livro

Há uns dois ou três meses, guiado pelo meu faro literário nem sempre apurado, descobri, com grande prazer e alguma sorte, o livro «On Paradise Drive» de David Brooks, um autor que me parece uma espécie de António Barreto arraçado de Ricardo Araújo Pereira, mas em versão americana, ou seja, com mais hambúrgueres e menos panados de peru no currículo de almoços e jantares, e uma atenção dirigida sobretudo às diversas ramificações da «teologia do sucesso» e nem tanto ao pôr-do-sol nos socalcos do Douro ou à disposição táctica dos atletas do Sport Lisboa e Benfica. Imaginem (vão ter de imaginar muito, preparem-se) alguém que, em vez de produzir um relatório acinzentado sobre um país a seu modo colorido, utilizasse os dados do Pordata e do Censos dois mil e troca o passo para dar corda a um livro com impecável humor, a dose certa de elementos estatísticos e, ao mesmo tempo, capaz de nos ensinar algumas histórias importantes sem parecer que nos está a ensinar algumas histórias importantes; um livro levezinho, dirão alguns gordinhos aborrecidos e sempre conscientes do seu próprio peso, conquistado a custo nas diversas feiras de enchidos da altíssima literatura. Como ninguém fala de Portugal assim, resta-nos a América, gloriosa e fraca. Tudo bem. Se os pêssegos espanhóis são melhores do que os do quintal e se as piadas de Larry David nos fazem rir mais facilmente do que as da Ana Bola, usamos Portugal para outra coisa. Amanhã, talvez.

O primeiro capítulo de «On Paradise Drive» é dedicado à taxonomia e à catalogação divertida dos subúrbios de uma típica cidade americana. Alguns detalhes estão muito ligados às contingências geográficas da grande nação satânica e às idiossincrasias dos seus enérgicos eleitores, mas a maior parte das descrições funcionariam, com menor ou maior contorcionismo, na nossa Europa civilizada, e um ou outro parágrafo poderia ser facilmente transportado até aos fascinantes colares de rotundas que enfeitam as estradas de certas freguesias do nosso país. Segundo David Brooks, os subúrbios de uma cidade americana dividem-se em 6 zonas: Bike-Messenger Land, Crunchy Suburbs, Professional Zones, Immigrant Enclaves, Suburban Core e The Exurbs. Apesar da arquitectura e do urbanismo também estarem sob a mira incansável do autor que todos haveremos de amar, são as pessoas que lhe merecem um especial carinho e lhe animam os carnavais. Aqui ficam dois exemplos:

(um sobre a tribo cool da Bike-Messenger Land)

«The point is to carefully nurture your art-school pretensions while still having a surprising amount of fun and possibly even making a big load of money. It is not easy to do this while remaining hip, because one is likely to find that a friend has gone terminally Lilith (denoting an excessive love of sappy feminist folk music) while others have taken minimalist retro-modern interior-design concepts to unacceptable extremes, failing to realize that no matter how interesting a statement it makes, nobody wants to lounge around a living room that looks like a Formica gulag.”

(e outro sobre os Crunchy Suburbs)

«From the cool zone, we drive out of town, just across the city line, to the crunchy zone. Here one finds starter suburbs populated by people who regard themselves as countercultural urbanities, but now they have kids, so the energy that once went into sex and raving now goes into salads.»

Também há partes sérias no livro. Este naco parece-me bastante interessante para reflexão, meditação e reiki, numa altura em que tantos apontam o dedo ao excessivo número de licenciados em Portugal:

«Americans are famously devoted to education. New England had its first college when the Massachusetts Bay colony was all of six years old. By 1910, The United States had nearly 1,000 colleges enrolling over 300,000 students (at a time when France had 16 colleges enrolling 40,000 students).»

Espero que tenham gostado deste bocadinho e até uma próxima inoportunidade.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 6.3.11

Did you enjoy their criticism?

© Daniel© Daniel

Já me acusaram de ser pouco romântico e de ser demasiado romântico. Felizmente, nunca nenhuma pessoa com saias me acusou de ter a dose certa de romantismo. A sério, detestaria ser um tipo com a dose certa de romantismo.

≡≡≡≡≡≡≡≡≡≡ 1.3.11

Não roubarás

Apesar de «Double Indemnity» (1944) ser um dos meus filmes favoritos (talvez mesmo o favorito), desconhecia este episódio da sua rodagem:

Wartime food shortages meant that security guards were posted to protect the real cans of food in the grocery store from sticky-fingered cast and crew members. Despite this, the aggrieved store owner reported to the LA Times that some scoundrel had managed to pinch a can of peaches and four bars of laundry soap.

Isto, contado assim, não tem grande piada, mas se forem ao sempre magnífico Old Hollywood espreitar a foto, vão ver que tudo ganha outro brilho.